Na introdução ao relatório sobre o estudo, Matt Hill, diretor de Pesquisa e Planejamento da Thinkbox, ressalta que “apesar de hoje sermos mais capazes do que nunca de criar, planejar, executar e mensurar a eficácia da publicidade, essa eficácia está em queda”.
Hill refere-se ao estudo Mídia em Foco, no qual seus autores constatam, com base no banco de dados de mais de 30 anos do IPA Effectiveness Award, que a publicidade vem perdendo eficácia em relação ao passado.
A razão principal seria “o desequilíbrio que vemos hoje. Binet e Field constataram que a proporção de campanhas publicitárias com menos de seis meses de duração aumentou de menos de 10% uma década atrás para quase 25%. As empresas têm se concentrado mais no curto prazo, e sua abordagem à publicidade está se afastando do equilíbrio ideal entre a construção da marca com vistas ao longo prazo e a ativação de curto prazo, que, como os autores defendem, deve ser de 60/40. Hoje essa divisão é de 50/50, um resultado direto da visão míope que vem prevalecendo”.
Uma das principais razões dessa perspectiva, segundo estudos feitos pela Enders Analysis, é o tempo cada vez menor de duração dos CMOs em seus cargos e “fatores problemáticos como programas de bônus baseados no desempenho de curto prazo; uma obsessão pelo monitoramento do impacto de curto prazo da publicidade, utilizando modelos de atribuição on-line; e práticas de procurement focadas mais no custo do que no lucro ou no crescimento da empresa; tudo isso acaba prejudicando o planejamento e inviabilizando o investimento em publicidade para o longo prazo”.
Outro aspecto, como destaca Hill, é a excessiva ênfase no ROI das campanhas, que termina por privilegiar esforços sobre os clientes existentes e reduzir o investimento na conquista de novos consumidores, o que prejudica o crescimento das marcas a longo prazo: “o foco no curto prazo pode não ser exatamente ‘correr para ficar parado’, mas é correr só para andar”, sem atingir objetivos relevantes.
O chefe da área de inteligência da Thinkbox enfatiza, igualmente baseado no trabalho de Binet e Field, o descuido com o conceito de “share of voice excedente”, que sempre foi fundamental para as marcas expandirem sua força e suas vendas.
Razão pela qual, insiste, “a publicidade deve ser vista como um investimento de capital no crescimento, não um custo. Deve ser uma opção de investimento ponderada e avaliada em relação aos riscos em conjunção com outras possíveis soluções (e em comparação com elas) para impulsionar o crescimento, como parte de um plano de longo prazo. Nenhuma empresa deve ver a publicidade como um custo tático que pode ser aberto e fechado tal qual uma torneira, de forma a estimular as vendas em curto prazo”.
Hill finaliza sua introdução destacando a capacidade da Ebiquity e da GainTheory e os méritos do estudo Profit Ability, que ao invés de ser uma pesquisa baseada em visões e possibilidades, foi realizada na constatação da realidade objetiva registrada por 2 mil campanhas e vivida por centenas de empresas em 11 categorias de mercado, sem que se separassem as de melhor performance, mas analisando a média de todas — incluindo os maiores e menores resultados, gerando, assim, um sólido benchmark sobre como usar a publicidade para se buscar maior eficácia.